A ergonomia dos sentidos na kustomização

“Customizar”… Essa palavra nunca esteve tão em alta como nos últimos anos. Não só no mercado de motos, mas no geral. Todos querem produtos e serviços que sejam personalizados a seu gosto, estilo e necessidades. E basicamente falando em motorcicletas, customizar siginifica transformar uma moto padrão de fábrica (“stock” como se diz em inglês) e modifica-la de forma a torna-la singular para atender aos anseios estéticos e funcionais de uma determinada pessoa ou grupo.
Você já sabe que esse movimento se iniciou no pós segunda guerra através das culturas “choppers” (cortando tudo possível para deixar a moto mais leve, eficiente e bonita nas estradas) nos EUA e na cultura “café racer” no Reino Unido (mesclando partes de motos refugadas do front de batalha, alterando suas caracteríscas para se atingir 100 milhas por hora (daí o termo TON-UP da gíria britânica) em corridas de rua entre lanchonetes e Cafés britânicos). E hoje praticamente todo mundo que adquire uma moto quer deixa-la com alguma característica que seja particular, seja através de um singelo adesivo ou ao extremo de uma recaracterização completa de chassis, pintura e motor. Vejo muitos entusiastas que estão iniciando sua vivência no mundo das motos, realizarem alterações equivocadas em suas motos só para se sentirem parte da “cena de Kustomização” (até o nome é referido com a primeira letra customizada de “c” pra “k” atualmente…). Não digo isso na parte estética, afinal o que é harmônico para mim, talvez não seja para você e vice-versa (gosto não se discute, ainda mais nos tempos atuais com tanta diversidade ideológica), mas digo no quesito do pensamento útil da moto em relação ao que eu classifico de “sentido“.

“Sentido” das coisas aplicado nas kustomizações

Eu chamo de “sentido” alguns objetivos e pensamentos de base que cada moto customizada deve responder para fazer justificativa ao projeto, nas funções de usabilidade e segurança. Sempre que vou começar um novo projeto de customização, inicio os trabalhos com as seguintes perguntas:

-“Qual é o sentido dessa customização”?
São os famosos “Para que” e “Por quê”, que necessáriamente devem ter respostas para cada ítem modificado. As vezes você encontrará respostas do tipo: – “Porque fica mais bonito”, mas garanto que respondendo também o “Para que” (buscando uma funcionalidade mínima que seja) a alteração proposta será muito mais substâncial na prática e no uso da moto.

Se ficar bonito, certifique-se que também fique útil

-“Quais sentidos estão envolvidos nessa customização”?
Essa na minha opinião é uma das perguntas mais importantes e mais desprezadas em projetos de customização. Significa em estudar, mapear e perceber quais sentidos (no que tange a sensações) do piloto serão afetados por uma customização. Uma mudança no posicionamento de ítens de base na moto, pode alterar drásticamente a interação mecânica da moto com os sentidos de pilotagem do piloto. E se isso não for bem pensado, planejado e executado poderá significar até mesmo riscos de acidentes ao piloto. Os exemplos são variados e ricos nesse quesito e servem de pano de fundo para horas e mais horas de conversa e estudos. Alguns exemplos vão na simples modificação da altura das espumas de bancos, ou de posição de pedaleiras, que podem alterar o comportamento do piloto em relação a sua distribuição de peso e o centro de gravidade da moto, compromento o equilíbrio em curvas ou desbalanceando a moto causando instabilidades em frenagens. Um outro exemplo clássico estão em acessórios e modificações que extrapolam a largura da moto (até com o pretexto de protegerem a moto em caso de quedas como sliders e crash-bars). Numa moto cruiser por exemplo, o sentido espacial de largura da moto é percebido pelos pés, pois eles recebem a maior carga do peso do piloto em caso de uma frenagem devido ao posicionamento das pedaleiras avançadas, então de forma institiva o piloto usa a largura coberta pelos pés na pedaleira para passar em um corredor de carros, ou entre carros e motos estacionadas na calçada. Nesse exemplo, se for instalado um “crash bar” muito mais largo que a distância padrão das pedaleiras, o piloto não se guiará por essa nova distribuição espacial e correrá o risco de acertar uma lateral do “crash bar” em uma roda de moto estacionada na calçada, deixando aquela sensação de “pensei que dava pra passar…”. O mesmo acontece nas motos com perfil mais esportivo, porém transferindo a maior carga de peso dos pilotos para os guidão. Nesse caso, o piloto se orienta de forma instintiva pela largura do guidão e um par de retrovisores mais largos e mal posicionados podem causar o mesmo desconforto do exemplo do “crash bar” nas cruiser.

Essas foram apenas algumas dicas para você cuidar cada vez melhor da sua moto, se você quiser mais informações sobre esse assunto específico, entre em contato com a gente!

Pilote sempre equipado e em segurança! Boas estradas!

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