Um papo sobre suspensão e molas

A “vantagem mecânica” está na relação destes dois números entre o amortecedor e o eixo traseiro.

A Indian Scout chama atenção pelo estilo e geometria (herança de sua antepassada de 1928, a icônica Indian Scout 101) e tem um destaque visual singular para os amortecedores traseiros de inclinação acentuada. Isso também dá aos amortecedores traseiros uma certa exclusividade que dificulta sua substituição por algo melhor. A primeira e fácil avaliação a ser feita sobre a eficiência desse conjunto, é a relação “vantagem mecânica” entre o amortecedor e o eixo traseiro. Isso é facilmente observado da seguinte forma:
A) Desenhe uma linha pelo centro do amortecedor. Meça a distância perpendicular desta linha ao pivô do braço oscilante.
B) Desenhe uma linha vertical (ou em qualquer direção em que a gravidade atue no local em que você estiver), atravesse o eixo traseiro e meça a distância horizontal até o pivô do braço oscilante.
C) Divida esses dois números.

Relação entre o amortecedor e o eixo traseiro, essa equação serve para qualquer moto

Para a Scout, você recebe cerca de “2”, ou “0.5”, dependendo de qual número você colocou primeiro na divisão. Isso significa que há duas vezes mais movimentos verticais no eixo do que um golpe no amortecedor, e em consequência, que há duas vezes mais força no amortecedor do que no eixo traseiro. Em outras palavras: – Se o amortecedor da Scout tem um comprimento estendido de 11,5″ (curso baixo), então um curso de roda de 3″ (um buraco de cerca de 7cm de profundidade ou um quebra-molas de 7cm de altura) colocaria o comprimento de amortecedor comprimido em 10 “. Usando um amortecedor com um curso comprimido menor do que isso poderia produzir uma batida seca de fim de curso direcionando toda a força do impacto para sua coluna (bem no Coxics… Que dor!), ou um acidente desagradável.

No quadro da esquerda: Suspensão progressiva comparada com a original da Scout (Diâmetro de 0,305 contra 0,375 nos fios). No quadro da direita: Como as molas da suspensão progressiva ficam cada vez mais juntas até sua base

Esta relação pode não significar muito até que você repita este exercício para qualquer outro modelo de moto bi-choque. A maioria das motos com amortecedores bi-choques tem uma relação de cerca de 1,5 (0,67), mais ou menos (usando nossa fórmula de cálculo acima). A moderna Triumph Bonneville tem uma relação de 1,25 (0,8). Assim, os amortecedores comuns disponíveis no mercado de acessórios, projetados para uma moto com peso semelhante na roda traseira, precisariam de cerca de 35% mais rigidez e cerca de 35% mais força de amortecimento para conseguirem atuar na Indian Scout por exemplo (O amortecimento é a parte mais difícil e é a que mais reclamamos porque o impacto vai todo para nosso corpo quando o amortecimento não é eficiente.).

Vamos comparar uma suspensão de marca Progressive (412) “heavy duty”. Com uma classificação de 115 libras/polegada, ela tem um diâmetro de fio de 0,305 ” aproximadamente. A mola da suspensão da Scout tem um diâmetro de fio de cerca de 0,375″. Acrescente o número de bobinas e o diâmetro da bobina e você obtém cerca de 220 libras/polegada para a mola da Scout.
Note que, todas as outras coisas sendo iguais, a rigidez da mola:
– Aumenta com o diâmetro do fio,
– Reduz com o aumento do número de bobinas (curvas ativas),
– Reduz com o aumento do diâmetro da bobina
– Não muda muito com o espaçamento da bobina (ângulo de hélice), desde que não haja contato.

Progressive 412 Heavy Duty

Essa suspensão da Progressive tem uma classificação de rigidez de 115/155 libras/polegada. Sem carga, existem cerca de 10,5 bobinas ativas. Com carga suficiente, as bobinas próximas umas das outras, há cerca de 7,5 bobinas ativas. Menos bobinas contribuem para a classificação mais rígida. Comparando as molas da Scout com a Heavy Duty da Progressive, temos: – 220/155 = 1,42. Significando que as molas da Scout são cerca de 42% mais rígidas do que a mola da Progressive sob carga.

Vale lembrar que a Polaris modificou a suspensão padrão (stock) das Scouts a partir do modelo 2017 colocando molas progressivas como as do modelo Scout Bobber, deixando o amortecimento extremamente mais eficiente nos modelos mais atualizados.

Indian Scout 2017 com molas progressivas em sua suspensão padrão

Para finalizar, se você tem uma Scout 2015 ou 2016, é daqueles que adora customizar e não se importa em ter novas experiências, uma forma de melhorar o um pouco o amortecimento da Indian Scout sem precisar trocar a suspensão, é verticalizando um pouco mais o curso dela com um adaptador, conforme esse da foto, mas isso é assunto para outro dia…

Suporte pera personalizar angulação da suspensão da Indian Scout

Pilote equipado, com cuidado e boas estradas!

2 respostas para “Um papo sobre suspensão e molas”

  1. Rodrigo, ja pensei em aumentar o curso do amortecimento da Scout, porém esbarra em um limitador mecanico, o suporte das imensas ponteiras originais deixa somente 0,7″ de curso entre a suspensão totalmente extendida e o suporte das ponteiras, quem ja retirou essa peça para trocar as ponteiras para customização não tem a limitação, os amortecedores da serie 440 da Progressive Suspension tem a opção de 12″, os 413 não tem, ou seja, meia polegada a mais que a original de fábrica aumentando seu curso e sem dizer que também tem a opção de Heavy Duty, que tem constante da mola com mais capacidade, ou seja, muita coisa ainda pra se tentar melhorar o conforto da excelente moto, mas uma coisa temos que ter sempre em mente, essas motos não foram pensadas para o nosso piso, podes ter certeza, abraço.

    1. Você disse tudo irmão, qualquer alteração tem que ser com escapes mais finos. A Scout foi pensada pra ser como é, o negócio é usar os amortecedores progressivos que suportem sua carga. Muito obrigado por ler e comentar! Forte abraço

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